Cuba volta a ter comércio em dólar após 15 anos em busca de moeda forte
Economia estatizada de Cuba está passando por crise de liquidez devido à implosão da economia da aliada Venezuela e ao endurecimento do embargo de décadas dos Estados Unidos
Lavadoras de roupa, geladeiras, freezers, ar-condicionados, TVs, motos elétricas, baterias de carro, pneus e outros produtos estavam com preços bem abaixo dos de semelhantes de outras lojas estatais, quando disponíveis para venda, no equivalente local do dólar, o peso conversível.
A economia estatizada ineficiente de Cuba está passando por uma crise de liquidez devido à implosão da economia da aliada Venezuela e ao endurecimento do embargo de décadas dos Estados Unidos ordenado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
O país depende da importação de combustível, alimentos e outros itens, que precisa comprar com moedas internacionais negociáveis obtidas com a exportação de bens como açúcar e com turismo e assistência técnica – todos em declínio.
A escassez de tudo, de combustível e alimentos e remédios, está assolando a ilha neste ano.
Joel Palomino, professor de pedagogia que aluga um quarto de sua casa a turistas, disse que estava esperando em uma fila de uma loja do bairro Vedado desde o amanhecer para comprar um aparelho de ar-condicionado.
“Os cubanos precisam muito comprar estes produtos a um preço razoável. O governo deveria ter feito isso muito tempo atrás”, opinou Palomino.
“Os preços são mais baixos do que em pesos conversíveis para os mesmos produtos e melhores do que aqueles que os cubanos trazem do México e do Panamá para vender no mercado paralelo.”
O dólar circulou livremente ao lado do peso depois que o colapso da antiga benfeitora União Soviética, ocorrido no início dos anos 1990, desencadeou uma crise no país comunista. O dólar foi tirado de circulação em 2004 e substituído pelo peso conversível.
Duas moedas, o peso e o peso conversível, que está avaliado em 24 pesos, circulam em Cuba. A posse de dólar e de outras moedas negociáveis é legal, mas antes elas não eram consideradas moedas válidas para compras.
O governo argumenta que o peso conversível é igual ao dólar, mas eletrodomésticos e outros bens importados, quando disponíveis, sofrem grandes remarcações, já que precisam ser adquiridos com moedas negociáveis, enquanto o peso e o peso conversível não têm valor no exterior.
Fonte: O Estado de São Paulo