Ashmore Group diz que o pior já passou no Brasil e sugere comprar bonds locais
A liquidação de ativos brasileiros é uma oportunidade de compra, segundo a Ashmore Group, que diz que o governo provavelmente cumprirá as metas fiscais reduzidas e acabará cortando as taxas de juros para reforçar o crescimento econômico.
A queda de 20 por cento do real neste ano para o patamar mais baixo dos últimos 12 anos, o pior declínio observado nos mercados emergentes, está tornando atraente a dívida local do governo, que tem um yield de quase 14 por cento, disse Jan Dehn, chefe de pesquisa da Ashmore, empresa que gerencia cerca de US$ 60 bilhões em ativos de mercados emergentes, em uma entrevista.
Essa consideração faz da Ashmore um caso isolado, pois os analistas de instituições como Morgan Stanley e Credit Suisse Group AG preveem mais dificuldades pela frente depois que o governo brasileiro reconheceu nesta semana que não conseguirá cumprir sua meta fiscal original para este ano. Isso impulsionou a especulação de que as empresas de ratings rebaixarão a nota soberana de crédito do país, classificado em um degrau acima de junk (grau especulativo) pela Standard Poor’s e com uma perspectiva negativa na Moody’s Investors Service.
“Eu compraria agora e depois compraria novamente após um rebaixamento da nota”, disse Dehn, de Londres. “Você tem um país que está no limite do grau de investimento repentinamente sendo negociado a um nível de alto rendimento e isso o torna interessante e barato”.
O real caminha para sua maior desvalorização semanal desde março.
Posição dos bonds
Dehn disse que a Ashmore começou a formar sua posição sobre os bonds locais de curto prazo no último trimestre. A firma está apostando que, depois que os aumentos nas taxas de juros do Banco Central frearem a inflação, seu Comitê de Política Monetária começará a reduzir os custos do crédito para estimular o crescimento econômico, desencadeando um rali nos bonds.
Os bonds de taxa fixa do governo brasileiro com vencimento em 2017 têm um yield de 13,88 por cento, próximo da maior alta em seis anos, de 14,11 por cento, atingida em junho.
A inflação nos 12 meses até meados de julho acelerou para 9,25 por cento, ligeiramente mais baixa que a média de 9,28 por cento das estimativas dos economistas consultados pela Bloomberg antes do relatório de 22 de julho.
“A inflação está começando a surpreender na baixa”, disse Dehn. “Se eu estiver certo e o ajuste fiscal se confirmar, a inflação desaparecerá no ano que vem, o crescimento chegará ao seu ponto mais baixo e, posteriormente, começará a acelerar e teremos um momento com condições ideais”.
Fonte: Bloomberg