Leader é um problema a mais na prateleira do BTG
O que colocaram na água de André Esteves? Como se não bastassem o iminente naufrágio da Sete Brasil e os seguidos problemas financeiros da BR Pharma, a Leader Magazine está com o nome sujo na praça. Controlada pelo BTG, a rede varejista tem encontrado dificuldades para honrar seus compromissos. Desde o início do ano, estaria atrasando sistematicamente o pagamento de salários e, sobretudo, de fornecedores. Os casos mais graves envolveriam a Seller, rede com 50 lojas em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul comprada pela Leader em junho de 2013. Há indústrias do setor têxtil, particularmente do segmento de cama e mesa, e fabricantes de utensílios domésticos que estariam há mais de quatro meses sem receber. O grupo varejista teria se comprometido a normalizar os pagamentos em julho, quando seria concluída a integração contábil entre a Leader e a Seller. Mas, segundo dois fornecedores ouvidos pelo RR, isso não ocorreu. Dívida, como se sabe, é bala que ricocheteia. Há casos de empresas têxteis de pequeno e médio porte que estariam com dificuldade de manter suas próprias operações em função dos atrasos da Leader – alguns destes credores têm a receber não mais do que R$ 200 mil. De acordo com uma das fontes do RR, um grupo de fornecedores já se articula para entrar na Justiça contra o grupo varejista.
À medida que o tempo passa maior a pressão sobre o BTG, dono de 70% da Leader – os 30% restantes pertencem aos acionistas fundadores, a família Gouvêa. No início do ano, o banco acenou com um aporte de até R$ 300 milhões na rede varejista, mas recuou com o agravamento da crise financeira da companhia. Nos últimos meses, o BTG vem tentando arrumar a casa com o objetivo de vender a empresa e se livrar de um aumento de capital que cairia integralmente na sua conta – os Gouvêa não têm interesse em acompanhar o desembolso. No entanto, até o momento, a reestruturação conduzida pelo ex-Pão de Açúcar Enéas Pestana não surtiu o efeito esperado. O próprio Pestana desembarcou no negócio com a intenção de fazer uma oferta pelo controle – ver RR edição nº 5.147 –, mas teria recuado ao constatar que o braseiro é muito mais incandescente.
Fonte: Relatório Reservado