Adolescente yanomami em estado grave é um dos 7 casos de coronavírus entre indígenas no Brasil

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Além do Amazonas, Pará e Roraima também entram na lista; MPF investiga negligência em morte de idosa em Alter do Chão

 

O Brasil já soma ao menos sete casos de coronavírus entre indígenas em três estados diferentes. Além dos registros de quatro familiares da etnia Kokama revelados pelo GLOBO, em Santo Antônio do Içá, no Amazonas, outros três pacientes testaram positivo para a Covid-19. Uma delas, uma senhora borari de 87 anos, só teve o diagnóstico confirmado pela secretaria de Saúde do Pará, depois de ter sido sepultada, na vila de Alter do Chão, distrito de Santarém.

Os outros dois casos foram confirmados em Manaus — um homem de 45 anos da etnia Baré — e em Roraima — um adolescente yanomami de 15 anos. Ele deu entrada no Hospital Geral no dia 3 de abril, com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Seu primeiro teste havia dado negativo, porém teve o resultado confirmado na segunda testagem para Covid-19. Seu estado é considerado grave.

Preocupado com os procedimentos de notificação de familiares e também com a prevenção do contágio pela doença na cidade e em aldeias da região, o Ministério Público Federal (MPF) confirmou ao GLOBO que instaurou inquérito civil para apurar a morte da indígena de 87 anos, em Alter do Chão, no Pará. A Secretaria de Saúde do estado (Sespa) confirmou na última quarta-feira (dia 1º) que testes laboratoriais apontaram a Covid-19 como causa da morte da idosa.

Velório lotado

A partir de denúncias de familiares e lideranças indígenas locais, o MPF atestou que não houve notificação do caso como suspeito para o novo coronavírus da anciã indígena. Por ser considerada uma guardiã da cultura regional, as cerimônias que marcaram o funeral da idosa, no dia 20 de março, contaram com a presença de centenas de pessoas.

“Tal fato traz grande inquietação na população local, pois caso confirmado que a causa do óbito foi a covid-19, o que poderia indicar transmissão para um grande número de pessoas que participaram do velório, com probabilidade de se iniciar um foco de transmissão comunitária”, diz trecho do documento que determina instauração de inquérito e o envio de pedidos de esclarecimentos a várias autoridades.

O MPF deu 24 horas para a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) darem esclarecimentos sobre o óbito; os procedimentos de notificação adotados pela municipalidade; as razões de a família não ter sido devida e previamente informada; as medidas de rastreamento, monitoramento, acompanhamento do quadro clínico e isolamento social que foram e que serão adotadas para prevenir a disseminação da covid-19 a partir de pessoas que tiveram contato com a vítima.

O MPF pede ainda providências sobre rastreamento e acompanhamento de todas as pessoas que estiveram presentes no velório.

Primeiros casos

Além da agente de saúde kokama Suzane da Silva Pereira, de 20 anos, mais três familiares com quem ela manteve contato testaram positivo para o novo coronavírus, em Santo Antônio do Içá, a 880 quilômetros de Manaus. A mãe, de 39 anos; a filha Yara, de 1 ano e 10 meses; e o primo de quarto grau, de 37 anos, todos da etnia Kokama, estão infectados. Os exames do pai e do marido de Suzane deram negatvo.

Na entrevista publicada nesta segunda-feira pelo GLOBO, Suzane já havia dito que sua filha e sua mãe estavam gripadas há alguns dias, esta última com perda de olfato e dores de cabeça. Suzane disse ao GLOBO após ter a confirmação dos novos exames que todos eles passam bem.

– Apenas o olfato e paladar da minha mãe que não retornaram. A nenê está bem, sem febre. Meu olfato está voltando e meu paladar também – contou ao GLOBO por telefone. O primo dela se recupera em outra casa.

A cidade, que tem cerca de 25 mil habitantes, tem no total sete pessoas contaminadas e possui ainda outras cinco internadas sob suspeita da doença. Outros 72 casos já foram descartados e 251 estão em monitoramento.
Fonte: O Globo

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