De grandes shows a corridas e encontros de negócios e tecnologia, Rio tem temporada de eventos com mais de 5 milhões de pessoas
O que Carlos Alcaraz, Madonna, Emmanuel Macron e o maior time de Counter-strike do mundo têm em comum? Em 2024, a resposta é óbvia: o Rio. No ano em que exibiu sua temporada de eventos mais agitada desde a pandemia, a cidade jogou nas 11.
Viu a maior estrela emergente do tênis sucumbir no primeiro jogo no Jockey; bateu o recorde histórico de público da Rainha do Pop nas areias de Copacabana; recebeu um dos maiores torneios de e-sports do planeta; e encerrou o ano ciceroneando os principais líderes políticos globais no G20… Isso sem falar do carnaval, do Rock in Rio, das corridas de rua e da crescente agenda de eventos de negócios e tecnologia que tornam a cidade destino imperdível para quem busca o que fazer no país.
— Foi um ano extremamente positivo, que começou com um carnaval e um réveillon fantásticos. Provou que o Rio é um dos poucos lugares do mundo capazes de fazer um show para mais de um milhão de pessoas e se projetou no noticiário internacional com o G20 — afirma Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio, fundação privada sem fins lucrativos que promove a cidade como destino turístico.
Até outubro, o Rio realizou 443 eventos relevantes em termos de público em 2024, um terço a mais do que no ano anterior e em 2019 (referência pré-pandemia), segundo levantamento exclusivo do Visit Rio. Esses eventos reuniram mais de cinco milhões de pessoas e movimentaram quase US$ 1,2 bilhão em receitas. Só em arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) para a prefeitura, a cifra foi de US$ 58,8 milhões.
— A imagem da segurança no Rio sempre é uma questão, mas o setor turístico registra crescimento. No setor hoteleiro, houve um aumento de 3% a 4% na ocupação média, além de um crescimento de quase 10% na diária média em relação a 2023 — calcula Alexandre Sampaio, diretor do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), que faz parte da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Tanto Werneck, do Visit Rio, quanto Sampaio concordam que um dos impulsos para o turismo no Rio foi a revitalização do Aeroporto Internacional do Galeão, por meio da restrição de capacidade imposta ao Santos Dumont. Os dados mostram que as mudanças elevaram o total de voos e a circulação de passageiros nos terminais do Rio.
Mais voos para o Rio
Levantamento da Fecomércio RJ, feito com base em dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), estima que haverá crescimento de 26,7% no número de voos internacionais chegando ao Tom Jobim até o fim de março de 2025. Segundo a projeção, serão 1.530 desembarques a mais em comparação com a temporada do ano anterior.
— Para ser um hub, a cidade precisa que seu maior aeroporto esteja movimentado; caso contrário, perde em capacidade de conexão — analisa Carlos Werneck, que também é sócio do Janeiro Hotel, na Praia do Leblon, com Oskar Metsavaht, fundador da Osklen.
Em paralelo, o Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, consolidou-se como terminal de voos comerciais, ampliando a infraestrutura turística da cidade. Desde que a XP assumiu, em meados do ano passado, o aeroporto foi reformado e terá um terminal VIP em 2025.
A Azul ampliou o número de voos que partem de Jacarepaguá, com destinos como Congonhas, Campinas e Confins. Desde maio, a companhia aérea também vende bilhetes internacionais com embarque a partir do aeroporto da Barra da Tijuca.
O fluxo turístico também foi intenso no Píer Mauá, que recebe cruzeiros de todo o mundo.
— A temporada de navios 2023/2024 foi a maior dos últimos dez anos, com 460 mil passageiros. Tem sido tão boa quanto na época da Olimpíada. A demanda reprimida da pandemia ainda existe, com muita gente querendo viajar — conta Denise Lima, diretora do Píer Mauá, empresa que possui a concessão para operar o terminal até 2049. — Isso também se reflete nos eventos. Praticamente não tivemos nenhuma brecha na agenda dos galpões este ano, que receberam convenções como o ROG.e (antigo Rio Oil & Gas) e o Rio Innovation Week.
Falando em inovação e tecnologia, o Rio bateu recorde de público em sua edição do Web Summit, uma das maiores conferências internacionais sobre o tema, cuja versão brasileira ocorre no Riocentro.
— O Web Summit é um dos pontos altos do nosso calendário — afirma Silvia Albuquerque, diretora regional de Espaços da GL Events no Rio e responsável pelo Riocentro e pela Farmasi Arena. — Sempre que o pessoal do setor hoteleiro me pergunta se a agenda do Riocentro está indo bem, eles sabem que o movimento no espaço é determinante para o fluxo dos hotéis da cidade.
Para o próximo ano, o Visit Rio projeta um crescimento de cerca de 20% no número de eventos na cidade.
— A Shakira já confirmou seu show para o Rio em 2025. O show da Madonna foi emblemático, teve um impacto enorme no crescimento de voos para a cidade e mostrou nossa capacidade em termos de serviço e infraestrutura. Temos a oportunidade de fazer disso uma parte do calendário — conclui Werneck, do Visit Rio.
Para 2025, a aposta é que Lady Gaga seja a próxima estrela a realizar um show na Praia de Copacabana. Ela afirmou ao “Fantástico” recentemente que “mal podia esperar para voltar ao Brasil”.
Impulso de âncoras do calendário
Entre os eventos previstos para 2025 estão o Rio2C, da indústria do entretenimento e da produção audiovisual, o Energy Summit Global, a Maratona do Rio e o Smart Summit. Há ainda algumas âncoras do calendário do Rio, como a Bienal do Livro — maior evento do Riocentro e que tem a própria GL Events como organizadora — e a LAAD, maior feira dos setores de defesa e segurança da América Latina e que também ocorre no centro de convenções da Zona Oeste do Rio.
— Ano ímpar sempre traz ao Rio eventos emblemáticos, como LAAD e Bienal, mas teremos outras novidades importantes. Em outubro, será realizada no Riocentro a Abav Expo, a maior feira de turismo da América Latina e que é organizada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens. Na Farmasi Arena, estão previstos shows internacionais já no começo do ano, como Simply Red, Offspring e Sting. Outra atração internacional que sempre atrai público e está confirmada é o Disney on Ice — informa Silvia Albuquerque, da GL Events.
Outros eventos menores ganharam espaço garantido no calendário do Riocentro, acrescenta a executiva. O espaço fechou contrato para realização do Congresso Brasileiro de Ginecologia por cinco anos seguidos, disse ela.
Futebol feminino
No Píer Mauá, a temporada atual de cruzeiros começou no fim de outubro e se encerra no fim de abril. A expectativa é receber ao todo 37 navios, sendo 26 de longo curso e 11 navios de cabotagem — que vêm de fora e se nacionalizam na costa.
— É uma temporada com fluxo um pouquinho menor, porque a última ainda registrava o reflexo da demanda reprimida na pandemia. Mas, na temporada 2025-26, a expectativa é de novo incremento — afirmou a diretora, acrescentando que o espaço de feiras do Píer Mauá já confirmou edições de eventos como Ler — Festival do Leitor, Rio Art Tattoo e Rio Innovation Week.
No mais longo prazo, embora o assunto ainda não tenha entrado para a pauta cotidiana dos cariocas, a cidade voltará a receber uma Copa do Mundo: a edição de 2027 de futebol feminino será no Brasil e terá o Rio com uma das dez cidades-sede. O Maracanã, a propósito, será um dos estádios mais utilizados no torneio, sendo o palco de oito partidas — entre elas a de abertura e a final do torneio, as mais importantes.
— Isso é mais um legado da nossa experiência com Copa do Mundo e Olimpíada, provando a capacidade do Rio de realizar eventos de envergadura global e colocando a cidade no foco da mídia de todo o planeta mais uma vez — conclui Carlos Werneck, presidente-executivo do Visit Rio.