Descarte irregular de lixo coloca os mananciais do Distrito Federal em risco
O período de chuvas somado ao descarte irregular de lixo traz problemas para o meio ambiente do Distrito Federal. De acordo com dados do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), a quantidade de entulho e resíduos volumosos descartados de forma irregular aumentou de 2022 para 2023, passando de 604,5 mil para 664,5 mil toneladas. Somente de janeiro a março deste ano, foram mais de 107 mil toneladas recolhidas pela autarquia.
Especialistas alertam que os dejetos podem atrapalhar a diversão de banhistas e praticantes de esportes que utilizam, por exemplo, o Lago Paranoá, além de prejudicar a fauna aquática, como é o caso de peixes e capivaras que vivem espalhados pelos corpos hídricos da capital do país. Diretor-presidente do SLU, Silvio Vieira ressalta que o DF dispõe de mais de 500 papa-lixos e 23 papa-entulhos, além da coleta de porta em porta.
“Por isso, o cidadão do DF não tem motivo nenhum para descartar irregularmente seu lixo, entulho ou resto de material reciclável”, afirma. “Jogar o lixo na rua é considerado crime ambiental e, se identificado, o infrator estará sujeito a penalidades e multas”, alerta o gestor, reforçando que denúncias podem e devem ser encaminhadas para a Ouvidoria do GDF, pelo telefone 162.
“Temos o aplicativo ‘SLU Coleta DF’ que, de forma gratuita, informa à população os dias e horários específicos das coletas convencional e seletiva em sua região, além de enviar alertas”, detalha Silvio Vieira. “Além do acesso fácil e rápido, o aplicativo permite, ainda, encontrar uma série de informações e dicas importantes sobre como separar o material reciclável e qual o caminho do lixo, por exemplo”, acrescenta (confira o quadro com as ações de conscientização realizadas pelo SLU).
Doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), o ambientalista Christian Della Giustina ressalta que o descarte inadequado do lixo traz diversos problemas ao meio ambiente. “Uma parte desses dejetos acabam indo para a rede de drenagem de águas pluviais e, no caso do Plano Piloto, desaguam no Lago Paranoá. Isso vai atrapalhar a balneabilidade — qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário — e a fauna aquática do lago, que é rico em peixes e outros animais, como as capivaras”, avalia.
Para o especialista, a conscientização da população é fundamental para mudar essa realidade. “Sem a educação, não há como o governo prever todas as consequências. É necessário educar as pessoas e faltam campanhas para a manutenção das ruas limpas e de descarte irregular de lixo”, observa. “Só com essa conscientização que a ação vai ser efetiva, pois o Estado não consegue fiscalizar cada indivíduo que joga um dejeto na rua”, pontua Della Giustina. Ele pondera que a fiscalização é uma ação importante, mas que só isso não vai resolver. “O governo não é onipresente, então, se a população não se conscientizar, realmente fica complicado qualquer tipo de ação”, lamenta.
A notícia boa, segundo o ambientalista, é que as áreas principais de captação de água da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), que são o reservatório do Descoberto e o reservatório de Santa Maria, além das pequenas captações espalhadas pelo DF, estão em áreas de proteção de mananciais (APMs). “Então, o risco de poluição desses corpos hídricos e, consequentemente, de uma crise de abastecimento, é praticamente nulo”, avalia Della Giustina.
Superintendente de Recursos Hídricos da Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento (Adasa-DF), Gustavo Carneiro afirma que a rede hidrográfica do DF tem quase 14 mil quilômetros de extensão. “Dessa rede, 98,14% são classe 2 ou superior, em que são garantidas boas condições de qualidade e são permitidos diversos usos da água”, garante. “A avaliação da condição da qualidade da água dos rios do DF é feita em pontos de monitoramento instalados pela Adasa nos principais rios das 41 unidades hidrográficas do Distrito Federal e os resultados são disponibilizados no Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos”, acrescenta.
De acordo com Carneiro, os resultados do monitoramento demonstram que os serviços de saneamento básico e as ações de regulação do uso da água no DF têm assegurado a boa conservação dos corpos d’água do DF. “Além disso, garantiu o ICE (Índice de Conformidade ao Enquadramento) em condição regular ou melhor na grande maioria dos pontos monitorados”, ressalta.
O superintendente esclarece, ainda, que a população do DF deve sempre conectar as instalações de esgotos das suas residências e de suas edificações às redes coletoras de esgotos, e as instalações de águas pluviais às redes de drenagem urbana. “Isso deve ser feito de forma independente e sem cruzamento entre os sistemas, para que os esgotos sigam para as estações de tratamento e as águas pluviais não sejam contaminadas por efluentes domésticos”, alerta.
Em nota, a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) informou que, apesar de não ser a responsável pela despoluição de rios e córregos, desenvolveu, na década de 1990, um projeto de despoluição do Lago Paranoá, transformando-o de corpo receptor de esgotos a manancial de abastecimento de água do DF. “Para a recuperação do Lago Paranoá, a Caesb se reuniu com consultores da Suécia, Japão, África do Sul e Hungria para identificar os problemas do espelho d’água, entre eles a eutrofização (acumulação excessiva de matéria orgânica), contaminação por organismos patogênicos e assoreamento”, destacou o texto.
Segundo a Caesb, o programa de despoluição iniciou a remoção das descargas de esgotos na bacia do Lago Paranoá e as estações de tratamento de esgoto (ETEs) que lançavam efluentes no espelho d’água foram reformadas. “Foi introduzido o processo de remoção biológica de nutrientes, então inédito no Brasil, assim como foi realizada uma grande ampliação da capacidade de tratamento, para abarcar esgotos de toda a bacia hidrográfica”, destacou a nota. “O trabalho foi extremamente bem-sucedido e o atual uso do Lago Paranoá como principal elemento de lazer de Brasília, além da sua utilização como manancial de abastecimento, são expressivas provas desse sucesso”, concluiu a Caesb.
Também por meio de nota, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema) disse que tem trabalhado na conscientização da população sobre a importância do descarte dos resíduos eletroeletrônicos utilizando diversas ações, principalmente por meio do acordo de cooperação firmado entre a pasta e a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree).
“Tal instrumento tem por objetivo a união de esforços para estruturação e implementação de sistema de logística reversa, por meio do recolhimento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos pós-consumo, gerados por consumidores finais no Distrito Federal, assim como sua destinação final ambientalmente adequada”, ressaltou o texto. “Por meio dessa parceria, são disponibilizados 64 coletores, em diversas regiões administrativas do DF, em que podem ser depositados, de maneira segura, os resíduos”, acrescentou.
Segundo a Sema, as iniciativas evitaram o descarte de mais de 127 toneladas de resíduos eletroeletrônicos, de maneira ambientalmente inadequada, desde 2022 até agora, impedindo a contaminação ambiental, inclusive dos recursos hídricos.
Projeto Mobilização em Ação
A iniciativa percorre as ruas do DF com vários mobilizadores ensinando sobre o descarte correto e a separação do lixo, assim como seu acondicionamento;
Teatro do SLU
Os servidores da autarquia apresentam, de forma lúdica, as informações sobre a correta separação de resíduos. Escolas, instituições e organizações públicas e privadas podem solicitar a apresentação do espetáculo O Garizito e sua turma, que tem cerca de 20 minutos de duração;
Projeto de Cara Nova
Para extinguir os maiores pontos de descarte irregular, essa ação tem contemplado todo o DF. De janeiro até o início de abril deste ano, o projeto já retirou quase 4 mil toneladas de entulho de lixões espalhados pela cidade e revitalizou pontos de descarte irregular;
Campanha Cartão Verde
Criado no fim de 2020, o projeto passou por nove regiões administrativas diferentes e distribuiu quase 8 mil cartões. Os garis são os “juízes” da ação, e cabe a eles, no momento do recolhimento dos resíduos, adesivar os contêineres e lixeiras de casas e condomínios.
Fonte: SLU
Projeto Mobilização em Ação
A iniciativa percorre as ruas do DF com vários mobilizadores ensinando sobre o descarte correto e a separação do lixo, assim como seu acondicionamento;
Teatro do SLU
Os servidores da autarquia apresentam, de forma lúdica, as informações sobre a correta separação de resíduos. Escolas, instituições e organizações públicas e privadas podem solicitar a apresentação do espetáculo O Garizito e sua turma, que tem cerca de 20 minutos de duração;
Projeto de Cara Nova
Para extinguir os maiores pontos de descarte irregular, essa ação tem contemplado todo o DF. De janeiro até o início de abril deste ano, o projeto já retirou quase 4 mil toneladas de entulho de lixões espalhados pela cidade e revitalizou pontos de descarte irregular;
Campanha Cartão Verde
Criado no fim de 2020, o projeto passou por nove regiões administrativas diferentes e distribuiu quase 8 mil cartões. Os garis são os “juízes” da ação, e cabe a eles, no momento do recolhimento dos resíduos, adesivar os contêineres e lixeiras de casas e condomínios.
Fonte: SLU