Empréstimo coletivo mobiliza R$ 2,6 milhões para negócios sociais
Rodada voltada a iniciativas de impacto positivo na Amazônia mobilizou investimentos de pessoas físicas por meio de plataforma online
A Sitawi Finanças do Bem concluiu a sua segunda rodada de investimentos realizada por meio da Plataforma de Empréstimo Coletivo e focada em negócios de impacto socioambiental positivo na Amazônia.
O montante mobilizado pela plataforma vem da própria Sitawi e de pessoas físicas interessadas em ressignificar seus investimentos e apoiar negócios que transformam a sociedade.
A plataforma de empréstimo coletivo, que funciona por peer-to-peer lending, modalidade em que uma pessoa empresta dinheiro diretamente para outra pessoa ou empresa de forma digital, é uma iniciativa da Sitawi e do Instituto Sabin.
Após serem abertas ao público, no dia 12 de março, as reservas de investimento se esgotaram em menos de 24 horas, superando as mais altas expectativas dos organizadores.
Os investidores da primeira rodada e outras mais de mil pessoas, que se cadastraram na plataforma como interessadas, foram avisados em primeira mão sobre a abertura.
“O sucesso dessa rodada, obtido em tempo recorde, mostra que há uma demanda retraída por investimento de impacto no Brasil, especialmente de pequenos investidores”, afirma Andrea Resente, gerente de finanças sociais da Sitawi. “Também reforça o nosso entendimento de que bons projetos conseguem conquistar fundos para viabilizar e alavancar as suas operações.”
Essa rodada amazônica também tem como parceiros estratégicos e financiadores a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), o CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical), o Instituto Humanize, e como parceiro de execução o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia).
Os investidores receberão o valor de volta durante dois anos, com o pagamento de parcelas mensais referente ao principal mais juros, equivalentes a um retorno previsto de 12% ao ano.
Além de ter taxa atraente em tempos de juros baixos, o investimento proporciona impacto positivo, alinhado à conservação das florestas. Para os empreendedores, a plataforma também é uma opção vantajosa, porque possibilita condições melhores de juros em relação ao mercado.
Os cinco negócios que participaram desta rodada foram: Coex Carajás, cooperativa de Parauapebas (PA) que gera renda e recupera florestas pela extração sustentável e comercialização de produtos florestais; Na’kau, de Manaus (AM), que produz chocolate a partir da produção sustentável de cacau por comunidades ribeirinhas agroextrativistas; Oka, de Ananindeua (PA), que produz sucos com frutas nativas da Amazônia de forma sustentável e em escala industrial; Pratika Engenharia, de Manaus (AM), que vende e instala painéis solares para comunidades quilombolas isoladas da Calha Norte do Estado do Pará, como alternativa a geradores a diesel; e Tucum Brasil, com sede no Rio de Janeiro (RJ) e atuação nacional ao promover a arte das populações indígenas e tradicionais do país.
São empreendimentos que valorizam a economia da floresta, gerando renda para comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, e apoiam o desenvolvimento das regiões em que atuam. Juntos, os cinco negócios contribuem para 9 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
R$ 4,8 MILHÕES MOBILIZADOS PARA IMPACTO POSITIVO
A rodada amazônica contribuiu para mobilizar R$ 3,3 milhões. Deste total, parte foi investida no contexto da chamada de negócios da PPA e 30% por meio da Plataforma, vindos da Sitawi juntamente com 71 pessoas físicas, que fizeram 144 investimentos. Os valores partiram de R$ 1.000 (valor mínimo permitido) a R$ 50 mil, e 80% do total dos investimentos feitos online foram de até R$ 5.000.
Junto com a rodada anterior, realizada no ano passado, a Plataforma de Empréstimo Coletivo da Sitawi ajudou a apoiar dez negócios de impacto positivo com a participação de 208 investidores. As duas rodadas contribuíram para mobilizar R$ 4,8 milhões, sendo R$ 2,6 milhões via plataforma.
Ao longo do contrato, os investidores recebem informações atualizadas, como o monitoramento e um relatório trimestral do impacto socioambiental dos negócios investidos, suas finanças e negócios.
O modelo de financiamento que possibilita as operações da Plataforma de Empréstimo Coletivo é o de blended finance (ou financiamento misto), quando o dinheiro destinado a impacto social ou a filantropia é mobilizado para alavancar outros tipos de capitais para serem investidos em desenvolvimento sustentável.
Esse modelo é estrategicamente usado para estimular investimentos em projetos que contribuem para alcançar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), estabelecidas pela ONU.
Toda a operação é realizada em parceria com a CapRate, intermediada pelo Banco Topázio e com apoio dos escritórios TozziniFreire Advogados e Wongtschowski & Zanotta Advogados e da consultoria e agência de comunicação para negócios de impacto social Oficina de Impacto.
Fonte: Folha de São Paulo