‘Estamos discutindo tudo isso sem o Brasil presente’, diz Macron sobre ausência de Bolsonaro na Cúpula do Clima
Presidente francês criticou ainda a postura do país sobre o Fundo Amazônia: ‘não está levando a sério esses critérios’
Sem a presença oficial do Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron , liderou nesta segunda-feira a principal reunião sobre o futuro da Amazônia , em Nova York.
O encontro acontece em meio à agenda da Cúpula do Clima nas Organizações das Nações Unidas ( ONU ), na cidade americana. Jair Bolsonaro chega à cidade no começo da tarde desta segunda, e Macron criticou a ausência do governo federal brasileiro na conferência.
— Vamos falar francamente. Estamos discutindo tudo isso sem o Brasil presente. O Brasil é bem-vindo. Todos nós queremos trabalhar — disse o francês, afirmando que busca “soluções políticas” para seguir adiante.
Macron convidou para a reunião governadores brasileiros integrantes do consórcio dos estados da Amazônia. O governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), disse que o consórcio da Amazônia Legal, presidido por ele, participaria da reunião como ouvinte e confirmou que havia a expectativa de que os estados amazônicos pudessem discursar, o que não se concretizou.
Em seu discurso, Macron afirmou que as florestas tropicais estão desaparecendo rapidamente e que as queimadas têm aumentado. Complementou dizendo ter legitimidade para liderar as discussões em função da Guiana Francesa, e criticou a postura do Brasil em relação ao Fundo Amazônia.
— Vamos falar do Fundo Amazônia. O Brasil nao está levando a sério esses critérios — disse o francês, citando a suspensão das doações de Alemanha e Noruega.
Chanceler da Alemanha, Angela Merkel também discursou no evento, mencionando os investimentos na floresta amazônica. Sem citar especificamente o Brasil ou a suspensão do Fundo Amazônica, disse que os doadores devem cobrar metodologia para garantir resultados.
— Como disse Macron, Não estamos aqui só para dar dinheiro (…). Precisamos estabelecer uma metodologia que seja aprovada para dar resultados — observou.
Também participam da reunião os presidentes da Colômbia, Iván Duque, do Chile, Sebastián Piñera, e da Bolívia, Evo Morales.
O ator Harrison Ford, vice-presidente da Conservação Internacional, criticou o desmatamento da Amazônia e disse que preservar a floresta é fundamental para qualquer debate sobre mudança do clima.
— A ganância está ganhando a batalha na Amazônia — disse o ator.
Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk pediu união aos países pela preservação e reforçou que as nações europeias estão dispostas a financiar projetos para a floresta. Segundo ele, as recentes queimadas na região tiraram o mundo da “letargia”.
— Queimadas em florestas são uma tragédia. Não importa o tamanho. Precisamos desse choque como esses incêndios para sair do estado de letargia. Nao quero dar lição de moral em ninguém. Nossa história é desmatamento para criar indústria, mas queremos ajudar a manter a floresta. Até as crianças sabem da importância delas para o futuro — disse Tusk.
Doadores prometem US$ 500 milhões extras para florestas tropicais
O Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a ONG Conservação Internacional decidiram doar US$ 500 milhões adicionais para o reflorestamento da Amazônia e de outras florestas tropicais, divulgou a presidência francesa também nesta segunda-feira. Nos bastidores da reunião sobre a Amazônia, uma autoridade francesa confirmou que a França vai contribuir com 100 milhões.
O Brasil, que possui 60% da maior floresta tropical do mundo, tenta convencer o mundo de que está com a situação sob controle, depois que o forte desmatamento e a propagação de incêndios florestais causaram uma crise internacional em agosto.
Fonte: O Globo