Esther Duflo, de 46 anos, é a mais jovem a ganhar Nobel de Economia.
Franco-americana é a segunda mulher na história a ganhar o prêmio. Trabalho da pesquisadora dá enfoque econômico diferente sobre a pobreza.
Francesa Esther Duflo foi uma das vencedoras do Nobel de Economia de 2019!
A franco-americana Esther Duflo firmou-se nos últimos anos como uma das economistas mais brilhantes de sua geração. Ela é a segunda mulher na história a ganhar o Nobel de Economia, depois da americana Ellinor Ostrom em 2009, e também a mais jovem, com 46 anos.
Ela compartilhou o Nobel de Economia de 2019 com dois homens, o americano nascido na Índia, Abhijit Banerjee, que é seu marido, e o americano Michael Kremer. Seus trabalhos, realizados essencialmente na Índia, concentram-se na redução da pobreza.
Esther Duflo é também a única mulher entre todos os vencedores do Nobel em 2019.
“Estou honrada. Para ser honesta, não achei que era possível ganhar o Nobel tão nova”, reagiu a economista. “O prêmio Nobel de Economia é único em comparação com outros prêmios, reflete uma mudança no campo econômico e geralmente leva muito tempo” antes que a teoria seja posta em prática, acrescentou, questionada pela Academia.
Em sua carreira, ganhou muitos prêmios, incluindo a medalha John Bates Clark em 2010, que recompensa os trabalhos de economistas nos Estados Unidos com menos de 40 anos.
Em 2013, a Casa Branca a escolheu para assessorar o presidente Barack Obama em temas de desenvolvimento e foi parte do novo Comitê para o Desenvolvimento Mundial.
Acaso e trabalho de campo
“É uma intelectual francesa de centro-esquerda que acredita na redistribuição e na noção otimista de que amanhã poderá ser melhor que hoje”, escreveu a New Yorker sobre ela em 2010, em uma edição dedicada a inovadores da atualidade.
Nascida em Paris em 1972, cresceu em uma família protestante, com uma mãe pediatra, muito envolvida em obras humanitárias, e um pai professor de matemática.
Graduada na Ecole Normale Supérieure e na Ecole des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS) na França, também tem um doutorado do Massachusetts Institute of Technology (MIT) nos Estados Unidos, onde é professora.
No Laboratório de Pesquisa Abdul Latif Jameel sobre Alívio à Pobreza, que ela co-fundou em 2003 e lidera, seu trabalho é baseado em experiências de campo em parceria com organizações não governamentais.
Por exemplo, “se é estabelecido um novo programa de tutoria nas escolas, são escolhidas 200 escolas ao acaso, 100 das quais o programa será estabelecido e as outras 100 não”, explicou à AFP em 2010, quando recebeu a medalha John Bates Clark.
O avanço dos estudantes é comparado e avaliado em ambos os casos, e os resultados dessa pesquisa são encaminhados às autoridades públicas e a organizações beneficentes como a Fundação Bill e Melinda Gates para que sejam “ampliados”, apontou.
‘Caricaturas e clichês’
Seu livro “Repenser la pauvreté” (Repensar a pobreza), escrito em colaboração com Abhijit Banerjee, recebeu o prêmio Financial Times/Goldman Sachs ao Livro Econômico do Ano de 2011.
“Nossa visão da pobreza está dominada por caricaturas e clichês”, disse em uma entrevista com a AFP em 2017. “Se quisermos entender os problemas associados à pobreza, devemos ir além dessas caricaturas e entender por que o fato de ser pobre muda algumas coisas no comportamento e outras não”.
Para ela, esse esforço para mudar a percepção da pobreza também precisa ser aplicado à economia e aos economistas.
“Os economistas têm uma reputação muito ruim e parte dessa má reputação se justifica provavelmente pela forma como a disciplina funciona”, explicou no começo de 2019 em uma entrevista ao France Inter.
“Quando você é economista,as pessoas acham que você está interessado nas finanças ou que você trabalha para os ricos, mas isso não é necessariamente o caso”.
Fonte: G1