Mudança de sede da Vale preocupa trabalhadores
O Conselho de Administração da Vale aprovou ontem a mudança provisória de sua sede, do imponente Edifício Barão de Mauá, no Centro do Rio, para a Barra da Tijuca, na zona Oeste da cidade — uma distância de cerca de 26 km. A mineradora informou que a medida foi motivada pela necessidade de obras de modernização do prédio, inaugurado em 1964, mas empregados temem que vá resultar em novas demissões. A mineradora enfrenta um momento delicado por conta dos baixos preços do minério no mercado internacional e vem promovendo um intenso processo de enxugamento de sua estrutura. Esta semana, a empresa anunciou férias coletivas para mais de 170 funcionários em Minas Gerais.
A mudança foi aprovada em um momento de reorganização administrativa da companhia, com objetivo de cortar custos. Nos últimos meses, empregados de áreas de apoio, como recursos humanos, suprimentos e tecnologia foram transferidos para perto das unidades operacionais, em Minas e no Pará, refletindo na devolução de escritórios alugados em outros edifícios no Centro do Rio. Hoje, todo o contingente de trabalhadores na capital fluminense estão concentrados no Edifício Barão de Mauá (chamado pela companhia de EBM).
“O EBM precisa passar por uma reforma do tipo retrofit para revitalizar todas as instalações prediais, muitas delas obsoletas por terem sido construídas entre as décadas de 60 e 80”, informou a mineradora. O edifício pertence à Valia, fundo de pensão dos trabalhadores da mineradora e estava avaliado, em julho de 2013, em R$ 137 milhões. “Esta iniciativa vai possibilitar a modernização dos equipamentos, instalações do edifício e a valorização do patrimônio para a Valia e seus participantes. Além disso, a mudança vai gerar redução de custos para a Vale”, completou a empresa.
P rojetado por Oscar Niemeyer e Sabino Barros, o EBM é hoje ocupado apenas pela Vale. No início dos anos 1980, quando um incêndio atingiu seus 22 andares, abrigava também a mineradora Caemi, a empresa de petróleo Ipiranga e a sede carioca do Ministério de Minas e Energia (MME). Empregados temem novas demissões, uma vez que o escritório da companhia no shopping Cittá América, na Barra da Tijuca, tem cerca de 800 estações de trabalho, aproximadamente 1/4 da disponibilidade na sede atual — que não está sendo utilizada em sua capacidade máxima.
A diretoria, porém, terá uma base em endereço mais próximo ao centro da cidade, informou a companhia, devido à proximidade com aeroportos e para receber visitas, medida que é criticada por empregados insatisfeitos com a transferência. A proposta de mudança para a Barra acontece em um momento delicado nas relações da empresa com seus trabalhadores, diante das demissões e da expectativa de não pagamento de Participação nos Lucros e Resultados devido ao prejuízo de R$ 9 bilhões no primeiro trimestre de 2015. Esta semana, a mineradora anunciou férias coletivas para 170 empregados que trabalham nas unidades de minério de ferro de Feijão e Jangada, nos municípios de Brumadinho e Sarzedo (MG), na da região metropolitana de Belo Horizonte.
O processo de enxugamento de pessoal começou no ano passado, com a queda dos preços do minério, que chegaram à casa dos US$ 50 por tonelada este ano. De acordo com o Relatório Anual de 2014, a empresa fechou o ano com 76,5 mil funcionários — 6,7 mil a menos do que no fim de 2013. A variação considera, porém, e exclusão, das estatísticas do quadro da VLI, que foi vendida em 2014. Este ano, sindicatos ligados à atividade mineradora reclamam de intensificação do processo de demissões, principalmente em Minas Gerais.
Em abril, ao comentar prejuízo no primeiro trimestre, executivos da mineradora informaram que empresa substituiria a produção de cerca de 22 milhões de toneladas de minério de ferro com menor qualidade e de maior custo neste ano e estudava ainda a retirada de outros volumes pouco competitivos, para enfrentar o cenário de preços baixos.
Fonte: Reuters