Lava Jato também mira doação de terreno ao Instituto Lula

A 35ª fase da Operação Lava Jato, que levou à prisão temporária do ex-ministro Antonio Palocci nesta segunda-feira (26), também apresenta indícios de que os supostos subornos da empreiteira Odebrecht também teriam envolvido a aquisição de um terreno inicialmente destinado à construção da nova sede do Instituto Lula. 

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal afirmou que Palocci teria participado “efetivamente” do processo de compra desse terreno.  Uma planilha da empreiteira que teria todos os registros de pagamentos feitos ao ex-ministro indicaria que ele teria recebido R$ 12 milhões para fazer essa aquisição.

Além do recebimento dos valores, o MPF também acusa Palocci de ter participado de uma reunião com Marcelo Odebrecht e Roberto Teixeira, bem como de ter recebido, por intermédio de seu assessor Branislav Kontic, documentos encaminhados via e-mail pelo presidente do grupo empresarial, relacionados à compra do terreno.

O MPF afirma ainda que a Polícia Federal encontrou a minuta de contrato desse terreno no sítio de Atibaia que seria usado pelo ex-presidente Lula. No documento, José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula envolvido em investigações da Lava Jato, seria apontado como comprador e seria representado pelo advogado Roberto Teixeira, também envolvido em denúncias de corrupção. O MPF disse que, em depoimento, Bumlai teria dito que se recusou a figurar como comprador do imóvel e que a compra se deu em favor de pessoas vinculadas à Odebrecht.

Bloqueio de contas

Nesta segunda, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, decretou obloqueio de até 128 milhões de reais das contas bancárias de Antonio Palocci, dos ex-assessores do petista Juscelino Dourado e Branislav Kontic e de duas empresas investigadas na operação de hoje, Projeto Consultoria Empresarial e Financeira Ltda e J& F Assessoria Ltda. O valor bloqueado inclui os R$ 12 milhões referentes ao suposto suborno para compra do novo prédio do Instituto Lula.

No despacho que autorizou a prisão de Palocci e o bloqueio das contas, o juiz afirma que a compra do terreno foi “coordenada” por Palocci. “A negociação, realizada ainda em 2010, durante o mandato do ex-Presidente, teria contado com a coordenação de Antônio Palocci Filho, Roberto Teixeira e Marcelo Bahia Odebrecht. O dispêndio do preço pelo Grupo Odebrecht foi debitado na planilha com os compromissos financeiros com o grupo político. Os fatos confirmam, em princípio, o conteúdo da planilha e o papel de destaque de Antônio Palocci Filho na coordenação dos acertos e recebimentos de propinas junto ao Grupo Odebrecht.”

Fonte: Exame

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